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Estações espaciais: sítios arqueológicos na órbita terrestre baixa


Novas ideias estão surgindo do estudo da “microssociedade” a bordo da Estação Espacial Internacional

“Arqueólogo espacial” seria uma excelente descrição de trabalho para uma personagem fictícia em uma missão interplanetária para desenterrar as ruínas de uma civilização alienígena. Mas um punhado de arqueólogos da vida real já estão tentando estudar a cultura no espaço - da variedade humana, não alienígena.

Um novo projeto, chamado ISS Archaeology, procura entender a “microssociedade” a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).

O plano é tratar o laboratório espacial da forma como arqueólogos tratariam um sítio arqueológico antigo. Observando os artefatos de astronautas - dos seus utensílios de cozinha e sacos de dormir aos seus ícones religiosos e fotografias da família - esses pesquisadores esperam ter novas ideias sobre como astronautas com diferentes experiências interagem entre si, e como eles se adaptam à vida na microgravidade.

Fazendo espaço para arqueólogos

A ideia do projeto foi concebida na primavera de 2015, quando a NASA fez um apelo por aplicações para o seu programa de astronautas. A agência espacial não recruta mais apenas pilotos de caça experientes, mas também doutores, geólogos, físicos, cientistas da computação e engenheiros elétricos. Entretanto, o arqueólogo Justin Walsh percebeu que cientistas sociais foram excluídos dessa mistura - com antropologia, arqueologia e geografia, em particular, apontadas como graus de desqualificação.

“Achei isso muito ruim”, disse Walsh, professor da Universidade Chapman na Califórnia, para a Space.com. “Se eles estão pensando em mandar pessoas para Marte, para o espaço profundo ou para [a] lua por longos períodos de tempo, seria bastante conveniente que entendessem como sociedades de astronautas são mantidas, como os astronautas criam um tipo de cultura.”

No sentido mais tradicional, o trabalho dos arqueólogos pode ser dessa forma: eles irão para um sítio antigo cavar algumas trincheiras e gravar, sistematicamente, todos os artefatos e características arquitetônicas que descobriram enterrados no subsolo. Então, usarão essas pequenas pistas para entender como as pessoas viviam nesse lugar, em específico, no passado. Um simples pedaço de cerâmica quebrada, por exemplo, poderia revelar o que as pessoas estavam comendo ou com quem estavam negociando há centenas de anos.

Ao longo das últimas décadas, arqueólogos estão expandindo os limites de seu campo de atuação. Alguns nunca pegam uma espátula nas mãos, mas usam imagens de satélite para procurar por sítios antigos não descobertos. (Essa é uma marca diferente de "arqueologia espacial" em conjunto). Outros argumentam que a arqueologia não precisa se preocupar apenas com o passado; arqueólogos podem ser qualificados exclusivamente para estudar como os seres humanos (mesmo os humanos ainda vivos) usam seu ambiente e coisas materiais, independentemente da época.

Ao mesmo tempo, a Era Espacial está envelhecendo. As pessoas interessadas no patrimônio cultural começaram a se perguntar se vale a pena documentar e proteger a pegada humana no espaço. A comunidade arqueológica, de forma mais ampla, começou a levar a sério essa ideia recentemente, segundo a arqueóloga espacial Alice Gorman, da Universidade Flinders, na Austrália, que pesquisou o significado cultural do lixo espacial, entre outros artefatos de vôos espaciais. O local do pouso lunar da Apollo 11, em 1969, foi até mesmo declarado um marco histórico dos EUA.

Um laboratório espacial virtual

Walsh e Gorman juntaram-se em um novo projeto para estudar a cultura dos astronautas. Segundo eles, a ISS foi uma escolha óbvia para um sítio de estudo porque é o lugar onde os astronautas passaram a maior quantidade de tempo (a ISS tem sido ocupada continuamente por equipes rotativas desde 2000). O laboratório também contém uma complexidade de interações e relacionamentos: as tripulações são multigênero, multi-étnicas, multinacionais e multilingues.

Os pesquisadores planejam minerar bancos de dados de todos os objetos os quais já foram enviados para a ISS. Eles utilizarão o grande número de fotos tiradas a bordo para criar um modelo digital 4D do laboratório espacial. Nesse espaço virtual, os pesquisadores esperam rastrear os padrões de movimento dos astronautas e dos objetos ao longo do tempo, o que pode permitir que eles compreendam padrões de vida na estação da mesma maneira que podem fazê-lo ao olhar para um sítio arqueológico na Terra. Walsh diz que eles são confrontados com uma superabundância de dados, então um futuro aspecto do projeto poderia ser a ajuda de voluntários os quais desejam caçar artefato virtual.

Psicólogos e cientistas comportamentais já observam de perto as interações dos astronautas. Eles fazem estudos na ISS e em ambientes análogos, como o habitat HI-SEAS no Havaí, para entender os efeitos do isolamento a longo prazo. Os próprios astronautas também falaram muito sobre suas experiências, e as mídias sociais permitiram um olhar ainda mais próximo das minúcias da vida na ISS, de como os astronautas fazem sanduíches até como pregam peças uns nos outros.

Ainda assim, Walsh e Gorman pensam que sua abordagem arqueológica pode revelar algumas informações esquecidas, como as ideias de design que podem ser úteis para os gerentes de agências espaciais. (Talvez eles notem certas improvisações que os astronautas fazem com seus suprimentos). Os pesquisadores também esperam que possam encontrar pistas sobre como os astronautas russos, europeus, japoneses e americanos se distinguem ou se integram a bordo da ISS, e como a tensão pode surgir sobre coisas materiais.

Em 2009, um comandante russo da ISS queixou-se dos cosmonautas terem sido impedidos de usar equipamentos de exercício dos EUA e outras instalações - o que, segundo ele, estava tendo um efeito prejudicial sobre a moral e o trabalho da equipe. Walsh disse que o projeto irá testar se os traços de tais conflitos podem ser encontrados no "registro arqueológico" da estação espacial.

Os membros da equipe do projeto também antecipam um futuro para quando a ISS se for. Por enquanto, o laboratório espacial deve ser desativado em 2024, a menos que obtenha mais recursos. Eventualmente, ele vai cair do céu em um cemitério de naves espaciais subaquático em uma parte remota do Oceano Pacífico. "Esse é um sítio que deixará de existir", disse Walsh. Então, talvez, os registros da ISS Archaeology possam ser valiosos para os arqueólogos espaciais do futuro.

Megan Gannon, SPACE.com

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FONTE: http://www2.uol.com.br

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