Um novo mapa visualiza a formação e evolução da Via Láctea.
Crédito: Vinicius Placco/Notre Dame
Usando cores para identificar as idades aproximadas de mais de 130.000 estrelas no halo da Via Láctea, astrónomos da Universidade de Notre Dame, no estado americano do Indiana, produziram a imagem mais nítida, até à data, de como a Galáxia se formou há mais de 13,5 mil milhões de anos atrás.
A astrofísica Daniela Carollo, professora e investigadora do Departamento de Física da Universidade de Notre Dame, e Timothy Beers, juntamente com Vinicius Placco e colegas, publicaram os seus achados na revista Nature Physics, incluindo um mapa cronográfico (de idades) que suporta um modelo hierárquico de formação galáctica. Esse modelo, desenvolvido por teóricos ao longo das últimas décadas, sugere que a Via Láctea se formou graças à fusão e acreção de pequenos mini-halos contendo estrelas e gás, e que as estrelas mais velhas da Via Láctea estão localizadas no centro da Galáxia e que as estrelas mais jovens e outras galáxias fundiram-se com a Via Láctea, atraídas pela gravidade ao longo de milhares de milhões de anos.
"Nós antes não sabíamos muito sobre a idade do componente mais antigo da Via Láctea, que é o sistema de halo," afirma Carollo. "Mas agora demonstramos de forma conclusiva, pela primeira vez, que as estrelas antigas se encontram no centro da Galáxia e que as estrelas mais jovens se formam a distâncias maiores. Esta é outra peça de informação que podemos usar para compreender o processo de formação da Galáxia, e como as galáxias, no geral, se formam."
Usando dados do SDSS (Sloan Digital Sky Survey), os cientistas identificaram mais de 130.000 estrelas azuis HB (Horizontal branch), que queimam hélio nos seus núcleos e exibem cores diferentes com base nas suas idades. As estrelas do tipo HB são as únicas cuja idade pode ser estimada apenas pela cor. A técnica que utilizaram foi codesenvolvida por Beers há cerca de 25 anos atrás, quando era pós-doutorado.
As estrelas mapeadas mostram uma hierarquia clara: as estrelas mais antigas estão perto do centro da Galáxia e as estrelas mais jovens estão mais longe.
"As cores, quando as estrelas estão nessa fase da sua evolução, estão diretamente relacionadas com o tempo de vida da estrela, de modo que podemos estimar a idade," comenta Beers. "Assim que temos um mapa, podemos determinar quais as estrelas que surgiram primeiro e as idades dessas zonas da Galáxia. Nós podemos agora, realmente, visualizar como a nossa Galáxia foi construída e inspecionar os destroços estelares de algumas das outras pequenas galáxias destruídas pela sua interação com a nossa durante a sua 'montagem'."
Carollo explicou que as nuvens iniciais de gás, contendo material primordial, como hidrogênio e hélio, formaram as primeiras estrelas. As nuvens com várias massas e conteúdo gasoso comportaram-se de forma diferente: as nuvens mais pequenas formaram uma ou duas gerações de estrelas (objetos mais velhos) e fundiram-se, depois, com outras nuvens e acabaram no centro da Galáxia puxadas pela gravidade, enquanto as nuvens com mais massa formaram múltiplas gerações estelares (objetos mais jovens) antes de fundirem.
Galáxias ainda maiores, como a Via Láctea, cresceram à medida que a sua gravidade puxava e forçava fusões com estas galáxias mais pequenas.
Atualmente, só é possível usar estas técnicas na nossa própria Galáxia e nas galáxias satélites e anãs que a rodeiam. No entanto, espera-se que o JWST (James Webb Space Telescope), com lançamento previsto para 2018, recolha muitos mais dados sobre galáxias distantes, incluindo os primeiros brilhos do Big Bang. Através do método que o grupo de Arqueologia Galáctica de Beers utilizou, esses dados podem preencher peças do puzzle da formação da nossa própria Via Láctea, bem como responder a questões sobre como o Universo surgiu.
clique na link a seguir para ver versão animada: http://www3.nd.edu/~vplacco/map/index.html
FONTE: http://www.ccvalg.pt/
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